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Da Revolução Cognitiva ao Nexialismo Investigativo

Atualizado: 8 de fev.

Certa vez, nos idos do fim da década de noventa e no auge do sucesso do programa “Show do Milhão”, perguntado sobre quanto pagaria ao primeiro vencedor do programa a ganhar o prêmio máximo – 1 milhão de reais – para trabalhar com ele no SBT, Silvio Santos retrucou com uma questão que fez o entrevistador hesitar: – Depende, quanto está valendo uma enciclopédia completa nos dias de hoje? – diante do silêncio estupefato do jornalista o histórico comunicador continua: – Trezentos reais, é isso que eu pagaria, não por mês, para sempre. – finalizando ao sair e se despedir com um sorriso solar que lhe é peculiar. Esse pequeno frame da televisão brasileira me marcou na época e ecoa até hoje na minha mente irrequieta, fez-me meditar e entender de forma clara a diferença entre conhecimento puro e criatividade, entre o saber duro e a magia de conectar elementos para criar um conhecimento novo – toda base da cultura humana é formada assim.



É preciso voltar um pouco na história para então entender o foco desse texto, mais precisamente no paleolítico (um período da Pré-História que se estendeu, aproximadamente, de 2,5 milhões de anos atrás até 12 mil anos atrás) onde possivelmente se desenvolveu a primeira grande revolução que permitiu o homo sapiens a se destacar dentre as diversas subespécies de hominídeos contemporâneos como os neandertais ou os denisovanos, antes da domesticação de animais, antes do domínio total sobre o fogo e muito antes da criação da agricultura e da pecuária, a revolução cognitiva foi o grande motor que nos deu o salto tecnológico ímpar e crucial – o divisor de águas para os Sapiens. Nós aprendemos a conversar, a fofocar, a transmitir conhecimento geracional através de signos sonoros. Pode parecer bobo, mas é uma tecnologia muito avançada. Toda vida animal que precisa de coordenação fina de seus membros para funcionar, da colônia de formigas aos grandes cardumes ou bandos de aves migratórias com milhares de membros, precisa de meios específicos de comunicação para funcionar – e quanto melhor, mais precisa e veloz é essa comunicação mais sucesso esses coletivos obtém. Diante dos estudos atuais alguns fatores parecem ter contribuído, de maneiras distintas e aleatórias, para que conseguíssemos falar de forma complexa e conexa e sermos entendidos por nossos pares, são eles:



1. Adaptação para dieta onívora – comer mais proteína nos permitiu portar cérebros maiores, capazes de processar tanta informação.

2. Teoria do Símio-Chapado – por estranha que seja o nome a arqueologia tem dado cada vez mais base para alegar que o consumo de cogumelos e outros psicoativos naturais, como cactos, sapos, outras plantas e afins, ao longo de centenas de milhares de anos, ajudaram o cérebro dos hominídeos a multiplicar e fortalecer as conexões neurais em cérebros cada vez maiores – ampliando sua eficiência.

3. Divisão de tarefas entre os sexos – Com machos indo à caça e fêmeas e crianças permanecendo em acampamentos seguros essa divisão criou um ambiente propício ao florescimento da linguagem.


Machos na caçada precisavam ser efetivamente silenciosos, seja para não serem percebidos por suas presas seja para não serem detectados pelos seus próprios predadores. Grunhindo e gesticulando vez ou outra para direcionar os seus pares quando necessário no ato da caça. Fêmeas por outro lado tinham todos os incentivos para começar a falar, cada vez mais e de modo cada vez mais complexo. Estavam em locais relativamente seguros, cercados por uma “família-tribo” e com relativo conforto, então sim, não se pode cravar e certamente esse evento ocorreu de modo independente milhares de vezes durante nossa história, mas faz sentido afirmar que as fêmeas foram as primeiras e mais hábeis falantes de nossa espécie, afinal é nas fêmeas que se encontra a inteligência interpessoal, capacidade de entender o bebê e suas demandas mesmo que ele não saiba falar, é intrínseco da fêmea tentar entender o outro e com ele estabelecer alguma comunicação e conexão. Desse ponto a – ensinar os filhos e os machos caçadores – e eles estarem criando as primeiras lendas e religiões em torno de fogueiras foi bem rápido no tempo geológico. Nós fofocamos, isso é uma constante da espécie, tão poderosa quanto outras máximas biológicas quanto querer se reproduzir ou o instinto de autodefesa. Nós fofocamos para aprender, para ensinar, para descobrir e mesmo por puro entretenimento. Antes da história, entendida assim apenas após a criação da escrita em si, só falando e ouvindo que o conhecimento era transmitido e nosso cérebro adora isso, moldando-se para tal em sua incessante busca por padrões.


Nossa criatividade desenvolveu-se para além dos padrões de outros animais sociais, e é o que diferencia o mero “poço de conhecimento” como o vencedor do show do milhão citado no começo desse texto, do bom investigador – nossa meta para fins didáticos. É a diferença entre olhar para um céu noturno e saber nomear as estrelas e olhar para o mesmo firmamento e conseguir correlacioná-las e criar constelações, toda uma mitologia, uma religião, mapas astrais e teorias gravitacionais. Você como investigador precisa ampliar sua capacidade natural de ser criativo, um profissional que não apenas sabe, mas que sabe que sabe e correlaciona as informações para gerar conhecimento novo, para prever ações e reações do seu observado e de outros atores dentro do ato investigativo. Você precisa, se ainda não o é, se tornar um Nexialista. Para entender melhor esse conceito é preciso ver como uma lei ordinária age no mercado, por exemplo. Imagine que você é um vereador padrão, que precisa de votos para se reeleger, propõe e passa uma lei para que qualquer recorte social (cadeirantes, idosos, estudantes, etc...) tenham acesso a meia-entrada em cinemas e eventos afins. À primeira vista parece uma boa ideia, afinal essas pessoas por motivos A ou B merecem tal incentivo, e você consegue se reeleger com essa nova base eleitoral agora grata pelo “benefício” conseguido. Ocorre que isso é uma péssima ideia, quando se entende melhor de economia fica claro que nenhum imposto, regra ou taxa é paga de fato pela empresa, no caso as salas de cinema ou produtoras de eventos, elas apenas encontram um modo de repassar o custo para seus clientes. Então o ingresso é artificialmente aumentado para comportar o “benefício” concedido pela lei. No fim os cadeirantes, idosos e estudantes não estão pagando mais barato, TODAS as outras pessoas que não estão nesses grupos é que estão pagando mais caro. Perceber isso é ser Nexialista, é ver o todo e perceber como uma ação vai de fato afetar a realidade, e não como te contaram que vai. É ter uma bagagem informacional tal que é possível não apenas prever os efeitos de uma ação bem como traçar os caminhos e desdobramentos possíveis através dela, seus defeitos e pormenores. É ter a capacidade de analisar contextos e cenários que uma pessoa comum jamais sonhará existir. É como um jogador de Xadrez, que se for bom e experiente, está movendo uma peça calculando dezenas de passos à frente – e em algum grau é isso que o levará à vitória. Quanto mais longe ele for, quanto mais nexialista se tornar, melhor jogador será e suas chances de vencer apenas se ampliam.


É preciso ler muito e acumular amplo conhecimento para se tornar um bom nexialista, não à toa o professor Kleber estimula a técnica de ler 10 páginas por dia. Não se pode nadar em uma piscina seca, por maior e mais profunda que ela seja. Você tem um cérebro absurdamente poderoso, que evoluiu milhões de anos para cruzar informações e encontrar correlações e causalidades ultra complexas, não desperdice isso no Tiktok, aprofunde-se em si mesmo e nos conhecimentos que adquire. Fazer “inteligência”, um bom OSINT, gerir uma equipe ou ser gestor de uma operação simples entre você e um agente de campo vai cobrar de ti um elevado grau de nexialidade, e você precisa estar pronto, mesmo que você seja o agente de campo – nenhum investigador é bom sem essas habilidades, mesmo que ele não saiba seus nomes ou as conceitue conscientemente, somos biologicamente programados para isso. Ocorre que o modo como as redes sociais e outros confortos atuais nos empurram para a mediocridade é avassalador, e você precisa fugir disso. Nexialize-se você também, torne-se 3%.


Rodrigo Amaral,

Gestor de Investigação e Inteligência.

 
 
 

1 Comment


Marcos Antonio
Marcos Antonio
Dec 04, 2023

Excelente Ótimo

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